
A indústria química brasileira enfrenta um dos cenários mais delicados das últimas décadas. Em 2025, as importações já respondem por quase metade do consumo aparente nacional, evidenciando uma perda acelerada de competitividade interna. Segundo dados da Abiquim, o déficit do setor deve alcançar R$ 44,1 bilhões neste ano, mesmo com a adoção de medidas emergenciais para mitigar os efeitos da concorrência externa.
Para além das ações imediatas, o setor vê no Programa Especial de Sustentabilidade da Indústria Química (Presiq), a principal alternativa para reverter o quadro estrutural de fragilidade. O texto, já aprovado pelo Congresso e aguardando sanção presidencial, prevê incentivos anuais de R$ 3 bilhões voltados ao desenvolvimento de insumos sustentáveis, estímulo à inovação e ampliação de investimentos em pesquisa e desenvolvimento.
As projeções reforçam o potencial transformador do programa: estudos técnicos apontam que o Presiq pode adicionar R$ 112 bilhões ao PIB até 2029, gerar cerca de 1,7 milhão de empregos e elevar significativamente a utilização da capacidade instalada do setor, dos atuais 64% para patamares próximos a 95%. Para especialistas, trata-se de uma oportunidade estratégica para recuperar a autonomia produtiva e fortalecer a soberania industrial brasileira.